Este blog se propõe a ser um ambiente onde ocorra múltiplas aprendizagens sobre leitura e educação, além disseo, é um espaço privilegiado de partilha de informações e saber. Como mediadores de leitura, saber conjugar diferentes formas e abordagens sobre o universo rico da leitura, bem como enaltecer e desenvolver o hábito do futuro leitor, é um dos grandes desafios do educador da atualidade. Entrem, o nosso blog está aberto para conhecer e discutir sobre experiências, sobre perspectivas e sobre o desafio de formar leitores que saibam agir ética e humanamente na diversidade, exercendo a tolerância e a criatividade. Para iniciar nossa reflexão, segue o seguinte poema de Rilke:
O Homem que Lê
Eu lia há muito. Desde que esta tarde com o seu ruído de chuva chegou às janelas. Abstraí-me do vento lá fora: o meu livro era difícil. Olhei as suas páginas como rostos que se ensombram pela profunda reflexão e em redor da minha leitura parava o tempo. — De repente sobre as páginas lançou-se uma luz e em vez da tímida confusão de palavras estava: tarde, tarde... em todas elas. Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já as longas linhas, e as palavras rolam dos seus fios, para onde elas querem. Então sei: sobre os jardins transbordantes, radiantes, abriram-se os céus; o sol deve ter surgido de novo. — E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança: o que está disperso ordena-se em poucos grupos, obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas e estranhamente longe, como se significasse algo mais, ouve-se o pouco que ainda acontece.
E quando agora levantar os olhos deste livro, nada será estranho, tudo grande. Aí fora existe o que vivo dentro de mim e aqui e mais além nada tem fronteiras; apenas me entreteço mais ainda com ele quando o meu olhar se adapta às coisas e à grave simplicidade das multidões, — então a terra cresce acima de si mesma. E parece que abarca todo o céu: a primeira estrela é como a última casa.
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens" Tradução de Maria João Costa Pereira
Este blog se propõe a ser um ambiente onde ocorra múltiplas aprendizagens sobre leitura e educação, além disseo, é um espaço privilegiado de partilha de informações e saber. Como mediadores de leitura, saber conjugar diferentes formas e abordagens sobre o universo rico da leitura, bem como enaltecer e desenvolver o hábito do futuro leitor, é um dos grandes desafios do educador da atualidade.
ResponderExcluirEntrem, o nosso blog está aberto para conhecer e discutir sobre experiências, sobre perspectivas e sobre o desafio de formar leitores que saibam agir ética e humanamente na diversidade, exercendo a tolerância e a criatividade.
Para iniciar nossa reflexão, segue o seguinte poema de Rilke:
O Homem que Lê
Eu lia há muito. Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora:
o meu livro era difícil.
Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo. —
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde... em todas elas.
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
Então sei: sobre os jardins
transbordantes, radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.
E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;
apenas me entreteço mais ainda com ele
quando o meu olhar se adapta às coisas
e à grave simplicidade das multidões, —
então a terra cresce acima de si mesma.
E parece que abarca todo o céu:
a primeira estrela é como a última casa.
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira